Livro: Continuidade e descontinuidade no processo de subjetivação do bebê
Regina Orth de Aragão, Silvia Abu-Jamra Zornig (ORG). São Paulo: Escuta, 2018; 236p: 21cm
Encanta-nos quando somos surpreendidos com brotinhos de flores nos vasos que cultivamos, numa mirada traduzem a mais pura promessa e potência! Remetem-nos também a respeito dos ciclos e ritmos com que a vida se apresenta, mas exigem certas circunstâncias para ocorrer.
Com o ser humano acontece algo semelhante, e os autores nos brindam com um mundo fascinante, no entanto complexo, das sutilezas envolvidas na vida de um bebê que nasce, o que envolverá toda e qualquer aquisição que terá pela frente. Apesar de vir com algumas competências, precisará ser auxiliado para poder desenvolver seu potencial.
Destacam a importância dos ritmos, traduzidos entorno das continuidades, bem como das descontinuidades nas origens da vida psíquica. Abordam a necessidade de o bebê ter algumas condições satisfeitas, para ir se tornando sujeito de fato. Na permanência e continuidade dos cuidados cotidianos dispensados pelos adultos significativos, um senso de si mesmo poderá se desenvolver, primórdios da identidade, que o possibilitará desenvolver seu potencial e enfrentar as tarefas que a vida o desafiará.
Após a construção desse terreno fértil, deverá advir a experiência com as descontinuidades e é nessa alternância entre continuidade e descontinuidade, presença e ausência, um ritmo deverá ser estabelecido servindo para estruturar a separação simbólica entre o bebê e seu cuidador primordial, vital para a criança construir paulatinamente uma capacidade de ser amparado de dentro para fora. Como disse, um solo apaixonante e desafiador!
Cristiane da Silva Geraldo Folino
Psicóloga, psicanalista pelo Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, do qual é membro e coordena o grupo de estudos DMS- Depressão, melancolia e suicídio. Professora do curso Relação pais-bebê: Da observação a intervenção no mesmo instituto. Mestre e doutora pelo Instituto de Psicologia da USP. Membro do Departamento de saúde mental da Sociedade de pediatria de SP e do Núcleo de Depressão entre crianças e adolescentes vinculado a mesma sociedade. Trabalha na Casa Curumim com intervenção nas relações pais bebês e criança pequena. Supervisora em clínica escola e atende em consultório.
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